Você sabia que temos pequenos cristais na cabeça?

Você já ouviu falar em VPPB (VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA)?

Nesse post abordei questões como:

  • Qual a importância dos cristais para o funcionamento do labirinto?

  • Por que nos sentimos tontos e enjoados?

  • Como diagnosticar a doença?

  • Qual o tratamento indicado para esse tipo de tontura?

Dentro do nosso labirinto, temos diminutas partículas formadas de carbonato de cálcio. Localizadas em órgãos sensíveis à gravidade, chamados órgãos otolíticos, são importantes para informar nosso cérebro sobre a posição da nossa cabeça no espaço.

Por motivos ainda desconhecidos esses cristais se deslocam de onde deveriam estar e vão se posicionar em outras estruturas dentro chamadas canais semicirculares. Os canais semicirculares são pequenos canais, dentro deles se encontra a endolinfa, que se movimenta com a movimentação da cabeça, e são sensíveis a aceleração cefálica. Portanto quando cai dentro deles algum daqueles cristais, eles ficam hiper estimulados e mandam uma falsa mensagem ao nosso cérebro, dizendo que estamos girando quando na verdade estamos apenas fazendo um movimento sutil com a cabeça. O cérebro então manda uma mensagem para os nossos olhos, dizendo para eles se movimentarem afim de compensar aquele "giro” na cabeça. É aí que a gente vê tudo rodando, sensação de vertigem, podendo dar muito enjoo, sudorese, palidez…

Essa condição é chamada VPPB. Ela é a causa mais comum de vertigem.
A VPPB pode surgir repentinamente, principalmente desencadeada por algum movimento da cabeça

Sintomas

  • Sensação de que tudo está girando ou se movimentando ao seu redor (vertigem)

  • Menos comumente a tontura pode se apresentar como sensação de cabeça vazia, mareio, ressaca e desequilíbrio

  • Vômitos, náuseas, enjoos

  • Sudorese, palidez

Os sintomas duram pouco tempo (segundos em geral e não mais do que minutos), mas podem se repetir algumas vezes durante as crises. 

Causas

Vale ressaltar que a patogênese da VPPB esta relacionada a processos degenerativos da mácula do utrículo (região onde os otólitos deveriam estar 'presos'), uma vez que essa região está acometida, facilita-se a soltura dos otólitos, que acabam indo parar nos canais semicirculares…

Na grande maioria dos casos, o motivo pelo qual o paciente apresentou a é desconhecido. Muitos pacientes apresentam VPPB após permanecer por muito tempo com a cabeça em determinada posição (cadeira do dentista, lavagem de cabelo no salão, cirurgias…), após estresse intenso, após trauma, em situações com vitamina D baixa, osteoporose, idade avançada, enxaqueca, Doença de Meniere ou Neurite Vestibular.

Gatilho para as crises

A crise é precipitada por um movimento da cabeça, por exemplo: levantar a cabeça, virar na cama, abaixar para pegar algo no chão, olhar para o lado…


Como diagnosticar?

O diagnóstico deve ser feito por médico, no consultório, após realização de testes posicionais na maca. Os testes podem provocar a vertigem, náuseas e movimento específico dos olhos (nistagmo). A interpretação do movimento dos olhos, é crucial para identificação do local acometido, e planejamento do tratamento. O médico pode ou não utilizar óculos de freenzel, ou videonistagmografia. 

Os otólitos podem estar posicionados em qualquer um dos três canais semicirculares de cada labirinto. É ainda possível, haver presença de cristais em mais de um dos canais semicirculares. A correta identificação do canal acometido é imprescidível para o correto tratamento. 

Não há necessidade de se realizar exames complementares, na grande maioria dos casos, para o diagnóstico da VPPB, apenas a história e o teste posicional são suficientes. Somente em caso de diagnóstico incerto ou duvidoso, o médico recorrerá a outros exames.

Qual o tratamento indicado?

O tratamento consiste em manobras de reposicionamento dos otólitos, que podem ser feitas no consultório médico imediatamente após o diagnóstico.

Dependendo de onde os otólitos estiverem (em qual canal, em qual labirinto, e em que parte do canal), a manobra é uma específica. Existe, em alguns casos, mais de uma opção de manobra para cada tipo de VPPB. 

Após a realização das manobras, o paciente pode sentir-se um pouco mareado ou instável, após em média 48h, caso a manobra de reposicionamento tenha sido eficiente, ele não deve ter mais a vertigem. Como são vários pequenos cristais deslocados, eventualmente, é necessário que o paciente retorne ao consultório, alguns dias após a primeira manobra, para novo reposicionamento.